terça-feira, 3 de abril de 2012

Sobre educação.







Senhores, Senhoritas e Senhoras... Acabo de ler um depoimento de uma ex-colega de trabalho sobre a relação das pessoas envolvidas no processo da educação musical.

Quero aqui expressar algumas perguntas que me saltam a mente e fazer mover o pensamento sobre o CUIDADO que devemos ter ao se dedicar no propósito da educação.


Para educadores e profissionais envolvidos.

1. Estamos preparados para lidar com as mais diversas relações e temperamentos humanos?


2. Qual é o tocante da educação musical? Teoria e técnica? Ou saber humanizar e descobrir o que a pratica tem de reveladora?


3. Educação musical e musica é um reduto? Podemos compartimentá-la? Reduzir a ponto de institucionalizar o imaterial?


4. Estamos a serviço da educação? Ou apenas nos voltamos aos interesses cotidianos e pessoais, exercendo desta forma um desfavor ruidoso e totalmente destruidor para este fim?


Revelo aqui um profundo sentimento sobre a educação e sinto-me mais útil e leve a pensar nos meus propósitos como educador e de certa forma como ser humano na busca da edificação espiritual. Sei que é desafiador o processo e o estudo que envolve a pratica e o ensino da música, porem, a cada dia que passa, o que compete aos valores humanos e as relações que isso gera, tem se tornado a minha principal preocupação. Quero descobrir em que as pessoas confiam a pratica musical, e qual valor pratico que ocorre em nosso tempo – o agora, o hoje. Dentro do prisma cultural de nossa sociedade, o que estamos procurando? Será mesmo a música, ou estamos em processo de resgate e purificação dos valores humanos. Todas as sociedades passaram ou passam por tempos em que a cultura entra em declínio, para se instaurar novos padrões e parâmetros existenciais que normatizam os novos estreitamentos das relações humanas.

Creio que esta discussão seja necessária aos vários redutos em que se pretende ensinar música – se isso é possível.  Diante os vários acontecimentos que pude vivenciar como professor, a aula de música no Brasil está longe de ser algo confortador – precisamos estudar mais sobre o assunto e sobre o que realmente importa numa aula como essa. Pensar sobre uma pedagogia que se aproxime do aprimoramento do pensamento musical - ou você pensa que só você sabe sobre música! Essa desconfiança é nociva à aula de música e inviabiliza as construções possíveis e necessárias ao pensamento musical que é presente em todos. As questões burocráticas ligadas à gestão desses redutos devem ser reduzir somente a logística para não interferir nos processos das atividades da aula de musica e dos professores que lá estão a desenvolvê-las. A EDUCAÇÃO NÃO PODE SER TRATADA COMO UMA EMPRESA, ISSO É UM ERRO PRIMARIO E DEVE SER EVITADO.  Não podemos confundir os processos e as acomodações ligadas à sala de aula, com o ímpeto da gestão em querer promover algo “a toque de caixa”, industrial – pessoas são pessoas, e isso deve ser respeitado acima de qualquer planejamento. Educar é sublime.

Qual é a sua substância, do que você é feito,
para que milhares de sombras estranhas recaiam sobre você?


WILLIAM SHAKESPEARE
Sonnet 53


Obrigado,

pliniopaludetto

www.movimenttomusica.blogspot.com














Foto: Plínio Paludetto.

Um comentário:

  1. Bom dia Plínio! Gostei da postagem. As primeiras questões são muito importantes... o verdadeiro educador deve se preocupar em respondê-las a todo momento que pratica o educar. Ouso dizer que mesmo antes e depois de entrar em uma sala de aula o professor deve responder a essas perguntas.
    Sabe o que vejo por aqui? Pessoas que tratam os alunos como códigos de barras, como sinônimo de dinheiro, apenas mais um número em suas vidas pacatas baseadas apenas no EU. Professores mal capacitados, mal preparados para as suas funções. O Brasil faz jus a sua posição de terceiro mundo em muitas questões....me decepciono quando vejo situações citadas a cima acontecerem.
    Alunos não é robô, não é fonte de dinheiro... é gente. Respeitar as capacidades de cada um e o tempo de aprendizado. Vejo alunos sendo desrespeitados em seu tempo de aprendizado e sendo taxados como alunos ruins. Ruim é o educador que não enxerga o seu aluno. Ruim é a despreocupação dos profissionais em estar melhorando as suas aulas, na falta da busca por conhecimento, na falta de preocupação com aquele que está a sua frente a espera de conhecimento e às vezes não o encontra, pois aquele que ali está para auxilia-lo no caminho não está apto para a função.
    Para mim educador é sinônimo de orientador, direcionador. Estamos aqui para direcionar, orientar nos alunos para o melhor caminho a ser seguido, percorrido.
    Desculpe-me pelas duras palavras. Mas são palavras que faz tempo que desejo dizer e julgo serem dignas de serem lidas por algumas pessoas de convivência diária.
    Obrigada,
    Cláudia

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Reflexões

(...) A arte é algo que está em vida, ou seja, algo que irradia uma vibração, uma presença. (...)
Luís Otávio Burnier
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