quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Carlos Drummond de Andrade - Congresso Internacional do Medo



Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas
                                                                                                     Carlos Drummond de Andrade



Leitura continuada: 
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/392991

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Reflexões

(...) A arte é algo que está em vida, ou seja, algo que irradia uma vibração, uma presença. (...)
Luís Otávio Burnier
Lume